terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Núcleos compactos populares

O modelo da cidade compacta envolve a formação ou o desenvolvimento de núcleos onde as pessoas possam exercer a maioria das suas atividades urbanas nas proximidades, podendo se deslocar por meios não motorizados.
Dentro das áreas melhor urbanizadas, os empreendedores podem escolher os locais de trabalho, comércio e serviços, gerando empregos e atraindo moradores. 
Podem ainda se instalar em áreas com densidade de moradores de média e alta renda, gerando um círculo virtuoso de expansão econômica. 

Já em áreas de concentração de moradias populares, pequenos e médios empreendedores - na maioria locais - instalam as suas lojas, oficinas e outros estabelecimentos comerciais para atendimento à essa população. (Mangabeira, em João Pessoa, na foto)
Geram empregos, mas em volume muito inferior ao dos moradores, não tem capacidade de atrair clientes de outras áreas, principalmente os de maior renda, a não ser em situações excepcionais, como o caso do Restaurante Mocotó, em São Paulo (um ponto fora da curva).

O excedente dos moradores que não conseguem emprego nas proximidades tem que se deslocar para outros locais, outros polos, a média e grandes distâncias, com uso predominante de meios coletivos, e em alguns casos por meio individual, seja carro ou motocicleta, contribuindo para os congestionamentos e para a piora da mobilidade urbana.

O grande desafio é conseguir que grandes empreendedores / empregadores se disponham a se instalar ou em instalar uma unidade econômica, com geração de empregos.

A grande disponibilidade de mão-de-obra pode não ser um fator importante em função do perfil necessário do seu quadro de recursos humanos, envolvendo pessoal de maior qualificação, que não mora nas proximidades.

Incentivos fiscais podem ser importantes, mas também não decisivos, se o empreendedor não perceber oportunidade de comercialização dos seus produtos ou serviços. 

Incentivos fiscais podem reduzir custos, mas não geram receitas, a não ser indiretamente: poderia vender a preços menores que a concorrência. Sem perspectivas de mercado o empreendedor não se arrisca a instalar o seu empreendimento. Em geral, ele não acredita no mercado popular, em função da baixa capacidade de consumo individual. Uma exceção seria a Casas Bahia, mas ela é apenas uma.

Um caso atípico é a instalação do Shopping Nova América, onde havia uma instalação industrial desativada,  no bairro de Del Castilho, no subúrbio do Rio de Janeiro, servido pela Linha 1 do Metrô: gerou uma grande demanda de consumidores de outras áreas, com utilização do metrô e reversão dos fluxos.


Tornou-se um grande polo de empregos de comerciários, além dos atendentes da praça de alimentação e mão-de-obra, menos qualificados, para os serviços de asseio e conservação.

Ademais a proximidade com a Linha Amarela fez com que o bairro se tornasse alvo do mercado imobiliário, com vários lançamentos de edifícios residenciais. Mas ainda não teria se tornando um polo de escritórios.

O caso de Del Castilho seria um exemplo da viabilidade de desenvolvimento de um núcleo de densa ocupação popular, a partir de sua integração a um sistema de transportes, tanto coletivo como individual, tendo um grande e moderno shopping center, voltado para a classe média tradicional, como âncora. 

O desafio é conseguir que esse processo de modernização, leve à instalação de um polo de escritórios, atualmente o principal gerador de empregos de todos os níveis e qualificação.

Para não ficarmos apenas em exemplos das grandes cidades, já servidas pelo metrô, podemos tomar o exemplo da comunidade de Mangabeira, em João Pessoa, o maior bairro popular da cidade, fonte da maior parte dos empregos de baixa-qualificação, movimentando-se diariamente pelos precários serviços de ônibus. 

O desafio da cidade compacta de João Pessoa é levar para mais próximo de Mangabeiras, complexos hoteleiros, atualmente o principal gerador de empregos primários, dada a rápida expansão do turismo.

Como conseguir isso?

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