segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Alternativas econômicas para Salvador

Seguindo as reflexões sobre o futuro de Salvador, sobre como estará Salvador daqui a 25 anos, analiso algumas alternativas econômicas que darão suporte ao seu desenvolvimento (ou não).
Salvador, como comentado anteriormente, não tem espaço econômico para a indústria de grande porte que, quando atraído para o Estado, se localiza nos municípios vizinhos, dentro da Região Metropolitana, mas não mais na capital. Já é uma área totalmente urbanizada, sem alternativas para a produção primária, seja agropastoril, produtos florestais ou minerais, todos ainda com grande potencial dentro do Estado, podendo transferir recursos para a capital.
Restam para Salvador as atividades terciárias, ressaltando-se o turismo, o que já temos analisado, no aspecto, sol, praia e mar, faltando a consideração sobre o seu carnaval, o que deixaremos para o final.

Salvador tem apresentado um grande crescimento do seu setor imobiliário e da construção civil, dando margem a "invasão" de grandes empresas não baianas, que hoje tem atuação nacional, após uma forte capitalização mediante lançamento de ações: Rossi, Cyrela, Gafisa, PDG e outras, de sede paulista, estão presentes no mercado soteropolitano.
Por outro lado, Salvador sedia a maior empresa brasileira de construção  - a Norberto Odebrecht -, com atuação mundial, o que supõe a exportação de serviços e apropriação de renda para aplicação na cidade. É acompanhada pela OAS, uma grande empresa do setor, em âmbito nacional.
Representa um grande potencial, mas sempre sob o risco de uma transferência maior de sua sede e gastos para São Paulo ou Rio de Janeiro.
A Bahia, no passado, já deu origem a grandes grupos financeiros, de âmbito nacional, gerada numa fase áurea da sua economia, que sucumbiram num passado recente, por quebra ou absorção por outros grandes grupos nacionais.
O desenvolvimento industrial da Região Metropolitana não deu origem a nenhum grande grupo industrial baiano, exceto a diversificação do grupo Odebrecht, hoje a principal empresa do setor petroquimico no Brasil, através da Braskem.
A quase totalidade das grandes indústrias instaladas na região metropolitana são mutinacionais ou multiestaduais, com origem em paises ou estados que não a Bahia.
No setor comercial, os Paes Mendonça, de origem sergipana, se instalaram Mamede em Salvador, com a rede Paes Mendonça, e João Carlos (sobrinho de Mamede), no Recife, com a rede Bom Preço. O ramo de Mamede pouco prosperou, a sua rede foi incorporada pelo Pão de Açucar, após seu falecimento, "sumindo do mapa", enquanto João Carlos Paes Mendonça se tornou o "rei dos shoppings" do Nordeste, mas com extensão para São Paulo e outros estados, e o maior grupo empresarial do Nordeste - o JCPM, sem equivalente na Bahia.

Dessa forma, o suporte econômico de Salvador, está no seu mercado local, com o turismo como o único grande setor receptor de recursos externos.
O turismo de Salvador pode ser desdobrado em algumas categorias, como:

  • o turismo continuado da "praia, mar e sol", por sua vez dividido em: independentes e de resorts (um desdobramento de leigo);
  • o turismo sazonal, do Carnaval;
  • o turismo histórico;
  • o turismo de negócios, mais propriamente o turismo de eventos.
O primeiro já comentamos em artigos anteriores, cabendo ressaltar a tendência crescente do turismo de resorts, que se desenvolve no litoral norte, a quase totalidade fora de Salvador, remanescendo poucos na capital (Catussaba, que me lembro) com pequenos gastos dos turistas na cidade.
O turismo fora dos resorts, com as pessoas se hospedando nos hotéis ao longo da orla e as frequentando, já comentamos anteriormente, pontuando as diferenças entre as orlas de Salvador, Recife e Fortaleza.
O turismo histórico de Salvador está em grande decadência, com a redegradação do Pelourinho, o mau atendimento no Mercado Modelo e a sujeira e insegurança nas vias, além do congestionamento.
As atrações do "sol e mar" e testemunhos históricos ajudam o turismo de eventos, sendo Salvador ainda um dos locais preferidos para sediar eventos corporativos, sejam Convenções, Congressos, Seminários ou Treinamentos.
Mas também estão em fase descendente, com degradação da qualidade dos hotéis. No ano passado estive em dois eventos no Pestana, mas os organizadores recusaram o mesmo para o evento que estive na semana passado, porque num daqueles, encontraram muitas baratas.
As informações que recebi são de decadência de muitos dos principais hotéis da orla.
O Hotel da Bahia foi restaurado, está bonito, mas aparentemente vazio. Ainda "não pegou".

Com essas diversas categorias, de características 
continuadas, em decadência, resta o turismo sazonal do Carnaval, ainda com grande poder de atração turística, e onde baianas e baianos estão na primeira linha das celebridades, com Ivette Sangalo, Daniela Mercury, Claudia Leitte e outras além de Carlinhos Brown e outros. Caetano e Gil estão mais em polêmicas sobre biografias do que como artistas capazes de mobilizar multidões, que parecem preferir os internacionais, como Justin Bieber e outros.

Apesar da demanda que lota os hotéis, que traz um grande fluxo de recursos, durante o período carnavalesco, que dura muito mais que os 4 dias formais, o seu legado para o restante do ano parece ser reduzido. A Bahia recebe um pico de turistas nos três primeiros meses do ano (Verão e Carnaval), acima de 20 mil turistas por mês, em 2011, segundo a Embratur. 

Salvador, ainda que tenha perdido participação como destino mais visitado pelos turistas por motivo de lazer, entre 2010 e 2011, passando de 7,4% para 6.8% do total ainda é a cidade nordestina mais visitada. Fortaleza teve um pequeno aumento, subindo de 2,4% para 2,8%, mas bem distante de Salvador.    
Quando o motivo da viagem é negócios, eventos e convenções, Salvador ainda é a cidade mais visitada do Nordeste e a sétima na classificação nacional, à frente de Fortaleza e Recife.

Já em relação ao PIB, segundo dados do IBGE, entre 2009 e 2010, Salvador perdeu posição em relação à Fortaleza.
Em 2009, Salvador ocupava a 8ª posição, com uma participação percentual de 1,01 % do PIB nacional, enquanto Fortaleza ficava em 10º lugar com 0,98%.
Em 2010, Salvador cai para a 10ª posição, com 0,97% do total, enquanto Fortaleza sobe para a 9ª posição, mantendo a mesma participação de 0,98%.

A vantagem de Salvador na preferência turística em relação à Fortaleza não tem sido suficiente para se manter à frente em relação ao PIB. 

O que serão Salvador e Fortaleza daqui a 25 anos?

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