quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Uma realidade indesejada recorrente

O desabamento de uma obra de construção de uma loja de varejo, de uma rede local, com 8 mortos e vários feridos, alguns em estado grave, trouxe a tona um fenômeno em queda porém ainda recorrente e teimosamente persistente: a imigração de trabalhadores de outros estados para trabalhar na construção civil.
Esse fenômento foi o principal responsável pelo rápido e intenso crescimento da cidade de São Paulo e deixou como sequela o aumento da favelização. Estava em declínio porque as grandes construtoras foram abandonando a prática, pelos riscos legais e os impactos sociais.
Raras são as grandes construtoras que importam trabalhadores de outros estado e mantém alojamentos para eles. Qualquer pequeno deslize pode acabar sendo caracterizado como trabalho em condições similares à escravidão e gerar autuações, cujo prejuizo maior é à imagem.
A cobertura pela televisão mostrou a persistência do fenômeno, com todas as características usuais, só faltando identificar um elo fundamental: o "gato" que recrutou os primeiros trabalhadores no Maranhão e os trouxe para trabalhar naquela fatídica obra.
Depois dos primeiros vieram os parentes chamados por esses, pela existência do emprego. Quando termina a obra ou no final do ano, esses trabalhadores voltam às suas origens para a visita familiar e depois retornam à metropole na espera de novas oportunidades.
Enquanto estão trabalhando estão num alojamento. Quando estão sem o emprego vão para as favelas, esperando pela nova oportunidade.
O crescimento das favelas decorre dos ex-empregados e não de desempregados que vieram de fora na esperança de um primeiro emprego. A esperança é pelo segundo, terceiro ou ate´quarto, quinto emprego. Sempre com visitas à família no interregno ou trazendo a família.
E quem está empregado logo chama os parentes para ocupar as vagas que surgem. Por isso há sempre a formação de grupos familiares nas favelas.
As grandes construtoras deixaram ou reduziram a prática. Não formam mais alojamentos próximos aos seus grandes empreendimentos na região central. Mas a prática continua com pequenas e médias construtoras nas periferias da metrópole. Não por acaso ocorreu na Zona Leste Distante da cidade de São Paulo.
O primeiro momento da tragédia é procurar pelas vítimas, tentar resgatá-las com vida. Vencida essa etapa emerge em primeiro plano a busca dos responsáveis, já em andamento, porém em segundo plano. Poderá surgir ou não, pois há grande interesse em encobrir os processos corruptivos que levaram à ocorrência da tragédia. Os responsáveis se esmerarão em explicações inexplicáveis para tentar encobrir o que é obvio, porém "não contabilizado".

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